Ninguém trará a paz, vamos precisar nos tornar a própria paz

O que nos une? O que nos separa? Em tempos difíceis, nos quais a falta de diálogo e confiança inspiram posicionamentos extremistas e dualidades que se atacam mutuamente sobra pouco espaço para o diálogo.

O “mal-estar” geral que se espalha em nosso cotidiano nos convida a pensar: como chegamos nesse ponto?

Em que momento paramos de nos olhar, de nos ouvir…qual foi o momento em que deixamos de nos importar com os outros a ponto de nos dividirmos tanto e considerar que algumas partes “podres” não mereçam lugar à mesa. O ódio ao outro sempre demostra uma incapacidade interna de lidarmos com nossos próprios conteúdos. A agressividade gratuita embasada em preconceitos históricos construídos a partir de maneiras distorcidas de ver o mundo, independente de que lado estamos, isso deveria nos tocar, nos chocar. O que estamos fazendo uns aos outros?

A sensação é de que em alguns momentos queremos saber como acordar deste pesadelo (Pare o mundo que eu quero descer!). Queremos aquele alívio de quando acordamos de um sonho ruim e pensamos “Ufa! Era sonho.”
Mas, acordar vai além de apenas “abrir os olhos”, no mundo real, quando não fazemos nada, estamos fazendo alguma coisa. Quando não aprendemos a escolher, alguém o fará por nós. Em meio a tanta mentira, a primeira pergunta importante é: como eu estou fazendo as minhas escolhas?

Se não nos furtarmos de um olhar histórico, talvez possamos perceber que nunca chegou ninguém para arrumar a bagunça e nos salvar de nós mesmos. Fomos nós que criamos a guerra e a paz. Fomos nós que construímos e destruímos grandes civilizações. Fomos nós que desenvolvemos tecnologia para tornar a vida melhor e para destruir o mundo em poucas horas. Ou assumimos a responsabilidade pelo que estamos fazendo como indivíduos e como coletividade, ou vamos seguir achando que o outro é um câncer a ser eliminado. Ninguém trará a paz, vamos precisar nos tornar a própria paz.

Nietzsche escreveu certa vez “a Natureza chora sua repartição em indivíduos”,

talvez fosse mais fácil apenas considerar a nossa quota, o nosso “pedaço”, mas como indivíduos temos algumas poucas dezenas de anos nesse planeta, não estamos sozinhos. O que fazemos hoje “ecoará pela eternidade”…
“Ser o que queremos ver no mundo”, como nos ensina Gandhi. Ódio nunca foi vencido com mais ódio.

Mais amor, por favor.

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