A riqueza dos obstáculos

 

Às vezes, mesmo quando nos preparamos muito, podemos ter uma sensação interna de que não temos o que dizer, de que não sabemos como fazer, ou até mesmo que não faz diferença nenhuma fazermos ou não.
E ainda que estejamos verdadeiramente engajados com nosso propósito, fazendo o que precisa ser feito, vendo os resultados do nosso empenho, realizados e confiantes, não estamos livres da sensação de impotência diante de alguns obstáculos.

Os problemas nos colocam em contato direto com o sofrimento, a partir deles podemos observar algo que opera em nós nos bastidores da vida. Algumas tradições antigas costumavam dizer que a dor é veículo de consciência. Perdemos o emprego, o cliente, ou alguém que amamos, acompanhamos uma nova tragédia no noticiário, ou simplesmente fomos vencidos mais uma vez pela preguiça, pelo medo ou pelos velhos hábitos tão difíceis de abandonar. Não precisamos caminhar muito pra perceber que não controlamos todas as variáveis, ora ou outra as coisas saem um pouco do trilho. Já sabemos disso.

O que parecemos ignorar é a oportunidade escondida diante dos obstáculos. Temos uma tendência natural de procurar por experiências prazerosas e evitar ou fugir das que nos causam dor. Gastamos muita energia com o diálogo interno que estabelecemos para tentar equilibrar todas as demandas internas e externas e quando as coisas dão errado temos uma sensação pesarosa de perdermos a batalha.

Depois de cairmos algumas vezes em determinado ponto podemos nos perguntar se há algo além dessa vida que estamos tão acostumados. Se há algo além da dor, do sofrimento, da alegria e satisfação passageiras.
Queremos saber por que, queremos entender, aprender, conhecer, não podemos evitar esse impulso interno que nos faz questionar a própria vida para termos resultados melhores. Isso nos trouxe até aqui.

Sem uma visão mais simbólica que nos permita ver o que há por trás das histórias acabamos por nos tornar pessoas sérias demais. Todas as situações revelam algo de nós mesmos. A forma como eu vivo as experiências importa. As histórias que ficam rodando na nossa cabeça, é de nós que elas estão falando.
Quando aprendemos a respirar diante dos desafios, vamos reconhecendo nossos medos, fraquezas e inseguranças. Ao aceitar nossa vulnerabilidade abrimos os olhos e seguimos porque aprendemos a ver que são os obstáculos que nos fazem perceber que podíamos ir muito além do que imaginamos.

“Isso de ser exatamente o que se é, ainda vai nos levar além.” – Paulo Leminski

 

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